(This article is written in English and Portuguese – Este artigo está éscrito em Inglês e Português)
What’s your story? It’s all in the telling. Stories are compasses and architecture; we navigate by them, we build our sanctuaries and our prisons out of them, and to be without a story is to be lost in the vastness of a world that spreads in all directions like arctic tundra or sea ice. To love someone is to put yourself in their place, we say, which is to put yourself in their story, or figure out how to tell yourself their story.
Which means that a place is a story, and stories are geography, and empathy is first of all an act of imagination, a storyteller’s art, and then a way of traveling far from here to there. What is it like to be the old man silenced by a stroke, the young man facing the executioner, the woman walking across the border, the child on the roller coaster, the person you’ve only read about, or the one next to you in bed?
We tell ourselves stories in order to live, or to justify taking lives, even our own, by violence or by numbness and the failure to live; tell ourselves stories that save us and stories that are the quicksand in which we thrash and the well in which we drown, stories of justification, of accursedness, of luck and star-crossed love, or versions clad in the cynicism that is at times a very elegant garment. Sometimes the story collapses, and it demands that we recognize we’ve been lost, or terrible, or ridiculous, or just stuck…
––Rebecca Solnit, The Faraway Nearby
Qual é a sua história? Tudo ésta na narração. As histórias são bússolas e arquitetura; nós navegamos através delas, construímos nossos santuários e nossas prisões fora delas. Estar sem uma história é estar perdido na imensidão de um mundo que se espalha em todas as direções como a tundra ártica ou gelo do mar. Amar alguém é colocar-se no lugar desse alguém, diz-se que é colocar-se na sua história, ou descobrir como contar a si mesmo a história dele.
O que significa que um lugar é uma história, que as histórias são geografia e que empatia é antes de tudo um ato de imaginação, a arte de um contador de histórias, e é finalmente, uma maneira de viajar longe, daqui para lá. Como é “ser” o velho silenciado por um derrame cerebral, o jovem que enfrenta o carrasco, a mulher que atravessa a fronteira, a criança na montanha-russa, a pessoa sobre a qual se leu, ou aquele ao seu lado na cama?
Contamos a nós mesmos histórias para viver, para justificar nossos suicídios, por violência, ou por dormência e pela ausência de vida; contamos a nós mesmos histórias que nos salvam e histórias que são a areia movediça em que mexemos e o poço em que nos afogamos, as histórias de justificação, de maldição, de sorte e amor, ou versões ornadas com o cinismo, traje muito elegante às vezes. Há momentos em que a história entra em colapso, e isso exige que reconheçamos que estamos perdidos, ou nos sentindo muito mal ou ridículos, ou apenas presos …
––Rebecca Solnit, The Faraway Nearby
9 September 2013
It has been a little over two months since I stepped foot back in Teresina after nearly three years of not returning there. If my memory serves me correctly, it was both a fast and slow three weeks. On the one hand, so full of newness and eye-opening experiences, and on the other hand, reminiscent of the slow, heavy time I occasionally felt weighed down by during the three years I spent living there beginning back in 2003. And just as one should expect when one returns home, back to one’s familiar surroundings and experiences, time has done little more than escaped me since my return to New England. But a lack of time is not a sufficient explanation for why I am just now writing about my recent experiences in Brazil and with the Núcleo in particular. For why I am just now putting into words my immense gratitude for all the time, energy, openness, brillance and enthusiasm that all those involved – the Núcleo, the Curto Circuito, and friends – devoted to my brief residency. And for why I am just now expressing through writing my continued and renewed admiration for the Núcleo itself – a collective so incredibly unique, so tremendously creative and astute, and without a doubt, far greater than the sum of its parts.
Perhaps a better consideration than time is distance. Not so much a physical distance but a mental, emotional, and linguistic distance. Feeling far away has been necessary for me to engage in a meaningful reflection of those things to which I once again developed such a profound level of intimacy. And until now, I have felt terribly nearsighted about the experience. Like when you look closely at the lines and texture of a rock and are unable to see, let alone grasp, the enormity of the mountain of which they are a tiny part. But alas, I have largely departed the world of Eugene and returned to that of Tim. In a certain sense, I have traded os dias de curtição do outro que vive dentro de mim for those of a slightly more familiar Tim. And so it is from this perspective that I write today.
And not surprisingly, I remain steeped in questions surrounding the relationship between space, place, and subjectivity.
Faz pouco mais de dois meses que eu voltei a Teresina depois de quase três anos sem ir lá. Se não me falha a memória, foram três semanas tanto rápidas quanto lentas. Por um lado, foram cheias de novidades e experiências marcantes, e por outro lado, me fizeram lembrar de como senti o tempo lento e pesado algumas vezes durante os três anos em que eu morei na cidade, começando em 2003. E como se espera que aconteça no retorno pra casa de uma viagem –– de volta a um contexto e experiências conhecidos –– o tempo voava desde da minha volta para Nova Inglaterra. Mas um período não é explicação suficiente do por que só agora estou escrevendo sobre minhas experiências recentes no Brasil e com o Núcleo em particular. Por que estou apenas agora colocando em palavras a minha imensa gratidão por todo o tempo, energia, receptividade, inteligência, e entusiasmo que todos os envolvidos – O Núcleo, o Curto Circuito, e amigos – dedicaram a minha breve residência. E por que estou apenas agora expressando através da escrita a minha admiração continuada e renovada para o próprio Núcleo – um coletivo tão incrivelmente original, extremamente criativo e perspicaz, e, sem dúvida, muito maior do que a soma de suas partes.
Talvez seja melhor atentar para a distância. Não tanto a distância física, exatamente, mas uma distância mental, emocional, e linguística. Sentir-me distante tem sido necessário para que eu reflita profundamente sobre aquelas coisas das quais eu me aproximei em um nível íntimo mais uma vez. Até agora, eu tenho me sentido muito míope sobre a experiência. Tipo quando você olha de perto as linhas e a textura de uma pedra e é incapaz de ver ou compreender, a enormidade da montanha da qual a pedra é uma pequena parte. Mas, agora, eu tenho saído muito do mundo do Eugene e voltado para aquele do Tim. De certa maneira, eu tenho trocado os dias de curtição do outro que vive dentro de mim for those of a slightly more familiar Tim. Então, é a partir dessa perspectiva que eu escrevo hoje.
E sem muita surpresa, eu continuo mergulhado nas questões que envolvem a relação entre espaço, lugar e subjetividade.
What is belonging? What does it mean to belong? What is fora (outside)? Where is fora located?
Since my arrival at the warehouse, at the first Oficina de Pensamento [Thinking Workshop] provocative considerations of “belonging” and “fora” were already coming up, and not only for me. What is the objective of the Núcleo do Dirceu? How do we organize ourselves? How do we work as individuals and as a collective at the same time? Belonging and living and creating. Where does the Núcleo belong and how does belonging happen? Is it a constant flux of belonging? Transformation and belonging; flexibility and belonging? When do we know when we have reached a sense of belonging? Is it possible? What does not feeling a sense of belonging have to do with being an artist? Artist as outsider. Should an artist ever belong to the mainstream? Is it possible? Is it desirable? If so, how? Artists don’t necessarily want to be loved by all, do they? Is it possible that artists merely want to be recognized as artists? There is a difference between like/love and recognition, no? Sometimes, recognition is linked to visibility. Is is possible that artists want visibility and recognition more than fame? Is it possible that visibility is what we are striving for here? We feel like outsiders here in Teresina; they ask us what we eat! They think we are aliens!…Abroad it’s even worse, but it’s different…The door to the outside doesn’t open and close for us…I’m tired of this division of abroad/here…Why can’t we be everywhere?! Is it possible that the more time passes in Teresina the more certain people feel less a sense of belonging? That is, is it possible that the arrival of certain foras give comfort while others threaten?…If certain foras have the power to legitimate people, places, and things, how can we bring this kind of fora, inside? And how can we think about sharing via fora?
During the two following weeks with the participants of the Curto Circuito (Short Circuit), other moments and questions arose…
O que é pertencimento? O que significa pertencer? O que é fora? Onde fica fora?
Desde a minha chegada ao galpão, na primeira Oficina de Pensamento as instigantes questões sobre “pertencimento” e “fora” já estavam rolando, e não só pra mim. Qual é o objetivo do Núcleo do Dirceu? Como é que a gente se organiza? Como é que a gente trabalha como indivíduos e um coletivo ao mesmo tempo? Pertencer e viver e criar. A que lugar o Núcleo pertence e como pertencer acontece? É um fluxo constante de pertencimento? Transformação e pertencimento; flexibilidade e pertencimento? Quando ficamos sabendo que alcançamos o estado de pertencer? Isso é possível? O que a falta de um sentimento de pertencimento tem a ver com ser um artista? Artista como outsider. Será que um artista deveria pertencer ao mainstream? Isso é possível? É desejável? Se a resposta é sim, como? O artista não quer, necessariamente, ser amado por todos, quer? Será que o artista quer ser reconhecido como artista e só isso? Há uma diferença entre gostar/amar e reconhecer, não? Às vezes, reconhecimento está ligado com visibilidade. Será que o artista quer visibilidade e reconhecimento mais do que fama? Será que visibilidade é o que a gente está buscando aqui? A gente se sente outsiders aqui em Teresina; eles perguntam o que a gente come! Eles acham que somos aliens!…Por aí afora/Lá fora é pior ainda, só que é diferente…..A porta pra fora não abre e fecha pra gente…Eu tô cansada dessa divisão fora/dentro…Porque a gente não pode estar em toda parte?! Será que quanto mais tempo passar em Teresina, mais certas pessoas sentirão menos pertencimento? Ou seja, será que a chegada de certos foras dá conforto e de outras, ameaça?….Se certos foras tem o poder de legitimar pessoas, lugares, e coisas, como a gente pode trazer esse tipo de fora, pra dentro? E como a gente pode pensar em compartilhar através de fora?
Durante duas semanas seguidas, com os participantes no curto circuito, outros momentos e questões surgiram…
Feeling the other – Sharing – Belonging – Fora
From the warm up before one Instantânia (improvisation workshop) where we attempted to sentir o outro (feel the other), I find myself asking several questions: what is the difference between sentir o outro and compartilhar (sharing)? Empathy and sharing? Is empathy necessary for sharing? Or does a specific kind of sharing arise from empathy? And what if we were to call that kind of sharing, “belonging?” And what might this kind of belonging have to do with fora (outside)? What if this belonging is centered on a shared experience of feeling “fora” (as an outsider)? Or a shared relationship to fora (outside)?
It seems to me that feeling the other is not the same as trying to feel as the other feels—i.e., empathy— but empathy happened during this exercise indeed — looking at each other in the eyes, mimicking each other etc. Is it possible that trying to feel the other at a deep level is when empathy comes about?
Is empathy necessary for sharing? Probably not. Laws, norms, and parents can make people share. But how might empathy affect sharing? What kind of sharing might come about with empathy?
To what extent does sharing intersect with belonging? To feel a sense of belonging, a sense of placeness is necessary. When this belonging involves other people, what is shared, then, is the idea that one belongs (whether this in fact is shared is another question — but what is important is that both parties give one party the sense that it belongs).
And if feeling fora (like an outsider) — a lack of sense of belonging on some level — is shared by people, then they can achieve a sense of belonging together.
But fora is not always a condition of being. There are many other foras…
Sentir o outro – Compartilhar – Pertencimento – Fora
A partir do aquecimento antes de um Instantânia em que tentamos “sentir o outro”, eu me perguntei: qual é a diferença entre sentir o outro e compartilhar? Empatia e compartilhar? A empatia é necessária para que haja compartilhamento? Ou será que um tipo de compartilhar específico vem da empatia? E se chamarmos aquele tipo de compartilhar, “pertencimento?” E o que esse tipo de pertencimento tem a ver com fora? E se esse tipo de pertencimento é focalizado na experiência compartilhada de sentir “fora,” como um outsider? Ou uma compreenção pessoal a respeito de fora que é compartilhada?
Parece pra mim que sentir o outro não é igual a tentar sentir como o outro se sente —i.e., empatia—mas, a empatia realmente surgiu durante este exercício — nos olhando nos olhos, nos imitando etc. É possível que ao tentarmos nos sentir como o outro se sente em um nível profundo, seja quando surge a empatia?
Empatia é necessária para compartilhar? Provavelmente não. Leis, normas, e os pais podem fazer as pessoas compartilharem. Mas como a empatia pode afetar o compartilhamento? Que espécie de compartilhamento pode surgir através da empatia?
Até que ponto compartilhamento cruza com pertencimento? Para sentir pertencimento, um senso/sentimento de placeness é necessário. Quando esse tipo de pertencimento envolve outras pessoas, o que é compartilhada é a idéia de que alguém pertence (se esse fato é compartilhado é outra questão – o que é importante é que as pessoas dão umas as outras a sensação de pertencimento).
E sentir-se fora (como um outsider) — uma falta de um senso/sentimento de pertencimento em algum nível— é compartilhado entre pessoas, então, elas podem alcançar um sentimento de pertencer juntos.
Mas “fora” não é sempre uma condição de ser/estar. Existem vários outros “foras”…
More about Fora
“Fora/inside. Feeling outside of one’s own body, like in a coma. Feeling outside of life. Watching TV with others in the same space but being disconnected with everyone in your world.”
“Feeling outside at home/Feeling like an outsider at home. Outside the family. Outside friends. Fora is relative. Outside of myself, I feel better. Outside and inside at the same time. Feeling outside/like an outsider because of my body. Outside is to resist some things. To be outside is a transition. I go outside to discover my inside.”
“Inside this neighborhood. I feel outside/like an outsider at parties. I feel like an outsider when I really notice the changes of the neighborhood. I can’t live fora. Some people will do anything to live fora. I feel outside the group of break dancers because I cannot keep up with them. I’m not the best, the most famous. What we do here is outside of hip hop. I feel outside and inside many things.”
“Falling outside of my studies. Outside of normal. Outside of the world. I always felt that. Now I am even more outside. Out of tune but inside something bigger. To be outside is to dive, to dance, to be here, to be inside sometimes, to look at leaves and feel the sun, to be outside of everything is to think in a different way. To be outside might be a solution. To be outside is to be inside of myself. Outside is to be fearful of being assaulted.”
“Everything I am wearing is from fora. I am very fora here now — my house, my boyfriend. ‘TTA’ (the video) was fora because it was connected to all kinds of things from the outside. Outside of thinking. Outside of convention — how things are supposed to be.”
“Painting outside. People go outside from the warehouse. In and out. Going into the bathroom to smoke. Inside the hostel with people from fora. People that are fora and inside are connected. Outside of yourself. People didn’t feel outside, they felt inside. Outside/inside — computer, travel….Sex as outside and inside. Going outside to bring things inside the house.”
“Fear, doors, open, path, experiences, there are many outsides inside. How can everyone be inside? Inside and outside a story.”
“Fora is the unknown. That which exists beyond reality. Fora is potential. Fora is that which has yet to be realized.”
“Outsides are always in flux. They surround us and sometimes become of us. They remind us of what we are and are not. And they sometimes even beg us to reckon with them, no matter how much we wish to ignore them. And of course speaking of outsides brings about a conversation of insides. The inside, for some, becomes that which is unexposed, a state of longing for some greater, broader sense of understanding of the world and the self as one. Outside provokes something of a longing to belong. Outside can equally become casted as that which is new, but not necessarily a good new, rather, a new that is not readily accepted and may even be given the status of pariah. Outside also, and increasingly, encompasses that which is coveted by the masses. A legitimate outside (ex., ‘I want to live abroad’). Outsides validate and negate the places in which we live, from where we hail, and where we dream of one day existing. How do we bring fora inside and take it outside again? What does this look like? How does this happen?”
Mais sobre Fora
“Fora/dentro. Sentir-se fora do seu próprio corpo, como estar em coma. Sentir-se fora da vida. Assistir televisão junto com outros, no mesmo espaço, mas desligando-se de todo mundo, no seu mundo.”
“Sentir-se fora em casa/Sentir-se como um outsider em casa. Fora da família. Fora dos amigos. Fora é relativo. Fora de mim mesmo, me sinto melhor. Fora e dentro ao mesmo tempo. Sentir-se fora por causa do meu corpo. Fora hoje é resistir a algumas coisas. Estar fora é uma transição. Saio/vou pra fora para descobrir meu interior/dentro.”
“Dentro do bairro. Sinto-me fora em festas. Sinto estar fora quando percebo as mudanças no bairro. Eu não posso morar fora. Pessoas fazem qualquer coisa para ir pra fora. Sinto fora no grupo do break porque não consigo acompanhá-los. Eu não sou o melhor, nem o mais famoso. O que a gente faz aqui é fora do hip hop. Eu me sinto fora e dentro de muitas coisas.”
“Cair fora do estudo —fora do normal, fora do mundo. Eu sempre senti isso. Agora tô mais fora ainda. Fora da sintonia — mais dentro de uma coisa maior. Estar fora é mergulhar, é dançar, estar aqui, estar dentro às vezes, olhar para as folhas e sentir o sol, estar fora de tudo é pensar de uma forma diferente. Estar fora pode ser a solução. Estar fora é estar dentro de si mesmo. ‘Fora’ é sentir medo de ser assaltado.”
“Tudo que estou usando é de fora. Tô bem fora aqui, agora — de casa, meu namorado etc. ‘TTA’ (o vídeo) foi ‘fora’ porque está conectado com muitas coisas de fora. Fora do pensamento. Fora da convenção — como as coisas deveriam ser.
“Pintando fora. Pessoas vão pra fora do galpão. Dentro e fora. Ir pra dentro do banheiro para fumar. Dentro da pousada com pessoas de fora. Pessoas de fora e dentro estão conectadas. Fora de si: pessoas não se sentiram fora, elas se sentiram dentro. Fora/dentro — computador, viagem…Sexo como fora e dentro; ir pra fora pra trazer coisas pra dentro de casa.”
“Medo, portas, aberto, caminho, experiências, tem vários foras que são/estão dentro; como todo mundo pode estar dentro? Dentro ou fora de uma história.”
“Fora é o desconhecido. O que existe além da realidade. Fora é potencial. Fora é o que ainda tem que ser realizado.”
“Foras estão sempre em fluxo. Eles nos rodeiam e, por vezes, tornam-se um de nós. Eles nos lembram de quem somos e de quem não somos. E às vezes, os ‘foras’, até mesmo nos pedem para contar com eles, não importa o quanto queremos ignorá-los. E, claro, falar de ‘foras’, traz uma conversa sobre ‘dentros’. O interior, para alguns, torna-se aquilo que não é exposto, um desejar algum sentido maior, mais amplo de compreensão do mundo e do eu/indivíduo como um. Fora provoca uma espécie de desejo de pertencer. Fora pode igualmente ser visto/entendido como aquilo que é novo, mas não necessariamente uma boa nova, ao contrário, um novo que não é prontamente aceito e pode nos dar a sensação de que somos párias. Fora engloba também, e cada vez mais, o que é cobiçado pelas massas. Um legítimo fora (ex.: ‘Eu quero morar fora’). Foras validam e anulam os lugares em que vivemos, de onde nos vemos, e onde sonhamos um dia existir. Como trazemos fora pra dentro e o levamos pra fora de novo? Como isto aparece? Como acontece?”
“Belonging in the world at home”
It is an active practice of longing, pursuing, and situating oneself in a world of foras.
It is an active effort exerted in the name of not feeling alone in the world. A never-ending attempt at achieving self-recognition in a world that is increasingly unfamiliar, strange, fora.
It is more than sentir o outro (feeling the other). It is to sentir si mesmo através do outro (feel onself via the other).
Sometimes, it means going outside (of one’s home, one’s city, of one’s country).
Sometimes it means taking risks, pushing oneself beyond borders not normally traversed, inhabiting places where you are not supposed to be, encountering new perspectives, engaging new senses and sensations, turning oneself inside out in the mirror of the world in order to discover where and how to move forward.
And so, what is one to do in a world of increasing multiple, shifting, incongruent outsides? How does one navigate in such a world? While it may only be possible to capture in a snapshot, people continually pick their battles, filter their worlds, and conjure unique and shifting constellations of outsides, sometimes alone and sometimes with others, but never in perfect unison.
Pertencer e “Pertencer ao mundo estando em casa”
É uma prática ativa de desejar, perseguir, e situar-se em um mundo de foras.
É um esforço ativo exercido em nome de não sentir-se sozinho no mundo. A tentativa interminável de alcançar o auto-reconhecimento em um mundo que está cada vez mais desconhecido, estranho, fora.
É mais do que sentir o outro. Trata-se de sentir-se através do outro.
Às vezes, significa ir pra fora (de casa, da sua cidade, do seu país).
Às vezes significa assumir riscos, levar-se além das fronteiras normalmente não transpostas, habitar lugares onde você não deveria estar, encontrar novas perspectivas, envolto em novos sentidos e sensações, transformando-se de dentro para fora no espelho do mundo a fim de descobrir a partir de onde e como avançar.
Então, o que fazemos quando não nos sentimos pertencentes ao nosso bairro, nossa cidade, nossa região e nosso país? O que fazemos quando nos sentimos como estranhos? O que fazemos quando não nos identificamos com a opinião das outras pessoas do lugar que chamamos de “casa”? Então, o que se deve fazer em um mundo onde é crescente a multiplicidade, a mudança, a incongruência dos “foras”? Como podemos nos colocar/viajar/navegar em um mundo assim? Mesmo que só seja possível capturar uma imagem, as pessoas continuam escolhendo suas batalhas, filtrando seus mundos, conjurando novas constelações de idéias sobre “fora”, às vezes sozinhos, às vezes acompanhados, mas nunca em uníssono.
Performance: “Exploring Fora — Explorando Fora”
Click here to view a video of the performance – Clique aqui para ver o video da performance
Live text projected during performance – Texto vivo projectado durante a performance
(without translation – sem tradução)
.fora place. is that a place? onde esta? realmente tem um “onde?” hummmmmmm. but a light hummm.rolling clouds. motorcycle bagsac.being here. escutando. observando. contectando senses.
buckley roar and a tap tap inside.
what is it about lugar que e significante? porque eu me preocupo com isso? será que lugares tem sentidos dentro deles mesmos? Marcelo said something like they do. it’s not just us that map meaning on to things. so maybe they matter on their own….. or not.
na verdade eu não sei. mas compartilhar é significante de qualquer forma eu acho.
e qualquer lugar está dentro ou fora de outro.
na verdade eu não sei exatamente se dentro e fora existem juntos. mas fora is outside. it is not me. it is o outro. it is strange. estranho. etrange. stranger. Foreigner. foreign. far away. and sometimes close. até que ponto pode ser que seja dentro mesmo. um fora que chegou de longe (ou de perto) e acabou entrando em mim mesmo. fora entra gente. às vezes, fora e aquela coisa que a gente tem medo. fora is a risk. to take a risk. to try to become the other. to share. sentir o outro. compartilhar. in a place. um lugar único. não uma meidunada não. como trazer coisas de fora pra dentro? acumular coisas dentro. trazer coisas de fora como lembrança de um lugar de fora. compartilhar essas coisas de fora dentro. como tornar-se dentro sendo fora. embaralhar-se em seus sonhos do outro. ao mesmo tempo como recuperar depois so que se trouxe de fora quando se misturou tanto? o que trouxe de fora ao embrulhar-se com o cabeça de cuia que sou me torna outro de mim… movimento corpo misturado intensificado pela acumulação das coisas de fora sem sentido, com sentido. Fora. Dentro. Movimento! Saída. Entrada. S(Entra)ída.Quando sou saída entrada o que fazer comigo que não sou eu apenas Outridadde. pois eh. e o que isso tem a ver com ser artista? e pertencimento? pertencer ao mundo. a sua cidade? ao seu bairro? a sua família? pertencer ao mundo em casa? Aeroporto… Viajar sem sair do lugar? Olhar pela janela e dentro e fora viajar…cidadão do mundo dentro de casa. cosmopolita local. pertencer em qualquer lugar ou não? em muitos lugares….ou mesmo não-lugares. or is it always about place? i seriously don’t know. but for some reason place matters. lugar e significante. ainda. mesmo nesse mundo de cosmopolitas locais. cidadãos do mundo em casa.
como estes objetos foram vindo? traz o objeto não é aleatório fora e dentro do domínio – nosso devir.
Some of my impressions on the performance – Exploring Fora
Bringing fora inside. Exploring the sounds, dimensions, and the feeling of this space. Trying to feel the otherness of this inside space. Trying to get comfortable with it and with the fora-ness that was brought inside by playing around. Playing around to know the space and oneself within this space. Playing with the border that divides fora and inside. Observing, noting, questioning, trying to not make easy sense of observations.
Observing another bringing fora to inside. Sharing everyone’s foras. Trying to connect by way of these foras inside. Interruptions and more attempts to connect with one another.
Trying to contact with fora inside. Trying to cross the border with gestures.
Sharing foras.
Organizing one’s foras in one’s inside. Sharing foras.
Thinking more. Calculating more in order to share, to feel the other.
Trying to feel the other here with things from fora.
There appears to be a transition without interruption between sharing and feeling the other, and perhaps it is imitation that serves as the link. Feeling the other via mirrored embodiments.
More observations. Observing the other, and the fora of the other. Investigations become more precise.
Bringing things from fora to inside to experiment before jumping in. Meditating on these things from fora here inside.
Trying to orient oneself in this new space of inside. Unknown space.
Again, the border between fora and inside is examined. Limiting some senses to make sense in another way.
Again, the dimensions and feeling of the space of inside is examined.
Rhythms of this collision of fora and inside are specific, unique. At times, this creates obstacles.
The music moves.
Objective. The desire to do something with intention is set free.
The foras come together, quickly, with a very strong intensity.
Objective. Intention. A mixture of foras and people from fora accumulate.
The music won’t allow even a little pause. Go, go, go, go, go, run, run, go, go, go, go, go, go, go, go, go, run, run, go, go, go, go, go, go, go, go, go, run, run, go, go, go……
Objective. Objective. Exploration. Objective. Objective. Objective. Go. Exploration. Objective. Connecting.
Objective. Objective. Go. Go. Go. Objective. Objective. Connecting. Objective. Objective. Exploring together.
Objective. Objective. Together. Together. Together. Go. Go. Connecting. Together. Objective. Objective. Objective.
Connecting foras with words.
The music stops. Explorations continue…but more slowly…and differently. Observations continue. Stops continue. Connections continue.
Different music starts. Explorations with things from fora and bodies.
Things from fora – changed from the experience here inside – are shown to the public.
Trying to make sense of this fora by way of words with the audience.
The video begins to play…………and it ends.
The End.
Algumas notas minhas sobre a performance – Explorando Fora
Trazendo fora pra dentro. Explorando os sons, as dimensões, e o feeling desse espaço. Tentando sentir o outro-ness desse dentro-espaço. Tentando ficar confortável com ele e com o fora-ness que foi trazido pra dentro através de brincar. Brincando para conhecer o espaço e a si mesmo dentro desse espaço. Brincando com o limite que divide fora e dentro.
Observando, anotando, questionando, tentando não criar sentidos fáceis sobre as observações.
Observando o outro trazendo fora pra dentro. Compartilhando os “foras” de cada um. Tentando se conectar através desses foras-dentro. Interrupções e mais tentativas de se conectar.
Tentando se conectar com o fora de dentro. Tentando cruzar o limite com gestos.
Compartilhando os foras.
Organizar seus foras dentro de você. Compartilhando os foras.
Pensando mais. Organizando-se para compartilhar, sentir o outro.
Tentando sentir o outro aqui dentro com coisas de fora.
Parece que há uma transição ininterrupta entre compartilhar e sentir o outro, e a imitação talvez nos sirva como o link. Sentir o outro através de mirrored embodiments.
Mais observações. Observando o outro, e o fora do outro. Investigações se tornam mais precisas.
Trazendo as coisas de fora pro dentro só para experimentar antes de se jogar. Meditando nas coisas de fora aqui dentro.
Tentando se orientar nesse novo espaço de dentro. Espaço desconhecido.
De novo, o limite entre fora e dentro é examinado. Limitando alguns sentidos para fazer sentido de outra maneira.
De novo, as dimensões e feeling do espaço de dentro são examinados.
Ritmos dessa colisão de fora e dentro são específicos, únicos. As vezes, isso cria obstáculos.
A música movimenta.
Objetivo. O desejo de fazer algo com intenção liberta-se.
Os foras se juntam, rapidamente, com grande intensidade. Objetivo. Intenção. A mistura de foras e pessoas de fora se acumula.
A música não deixa nenhuma paradinha. Vai, vai, vai, vai, vai, corre, corre, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, corre, corre, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, corre, corre, vai, vai, vai……
Objetivo. Objetivo. Exploração. Objetivo. Objetivo. Objetivo. Vai. Exploração. Objetivo. Conectando. Objetivo. Objetivo. Vai. Vai. Vai. Objetivo. Objetivo. Conectando. Objetivo. Objetivo. Explorando juntos. Objetivo. Objetivo. Juntos. Juntos. Juntos. Vai. Vai. Juntos. Conectando. Juntos. Objetivo. Objetivo. Objetivo.
Conectando os foras através de palavras.
A música para. Explorações continuam…mais devagar….e diferentemente. Observações continuam. Paradas continuam. Conexões continuam.
Outra música começa. Explorações com coisas de fora e os corpos.
As coisas de fora – mudadas pela experiência aqui dentro – são mostradas para o público.
Tentando fazer sentido dessa fora através de palavras para o público.
O vídeo começa rolar……….e termina.
Fim.
Continuing Conversations
Let’s continue the conversation?! This text is just one piece of my reflections on the residency. What are your impressions, reflections, and questions? How might we apply some of the ideas that we explored together – e.g., fora, inside, belonging, belonging in the world at home, feeling the other, sharing, empathy, the role of the artist, the importance of “place” (whether neighborhood, city, state, region, or country), – in other projects and conversations? I’m thinking of Racha Show, Curinga, Gambiarra, Improvisation, Cupim, Sotaque?, debates about the culture of the city, capitalism and consumption, copyright and more…
Xo, Eugene
Conversas Continuadas
Vamos continuar a conversa, vamos?! Este texto é apenas um pedaço das minhas reflexões sobre a residência. Quais são suas impressões, reflexões e perguntas? Como podemos talvez aplicar algumas das idéias que exploramos juntos – e.g., fora, dentro, pertencimento, pertencer ao mundo em casa, sentir o outro, compartilhar, empatia, o papel do artista, a importância de “lugar” (seja bairro, cidade, estado, região, ou país), – em outros projetos e conversas? Penso em Racha Show, Curinga, Gambiarra, Improvisação, Cupim, Sotaque?, debates sobre a cultura da cidade, capitalismo e consumo, direitos autorais e mais…
Beijos mil, Bixas!
Eugene